Homenagem ao barão Frankenstein
A Criatura vai nascendo sobre a mesa.
E quando a noite encontra a aldeia adormecida,
entre seus livros, e cadáveres roubados,
ele, na Morte, busca a fórmula da vida.
Enfia um olho numa cavidade escura;
usa uma agulha e um bisturi de aço.
Corta uma perna, recomeça uma sutura,
costura um dedo no tendão, refaz um braço.
Coloca o cérebro. A Matéria está pronta.
Sobe no alto de castelo e pede aos céus
para que um raio caia, e sua obra anime.
Sua arrogância só aos fracos amedronta;
porque quem sonha o Impossível, e quer ser Deus,
esta vivendo seu momento mais sublime.
Londres, 28.9.1977